quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Coisas que me deixam feliz...


Bom humor. Gente educada. Abraço apertado. Escrever. Chocolate. Dar risada. Contar piada. Sorvete. Gentileza. Shampoo cheiroso. Praia no final da tarde. Minha família. O bom e velho rock´n roll. O sorriso dos meus sobrinhos. Céu estrelado. Ter saúde. Meus gatos. Cheiro de carro novo. Almoço de domingo. Andar descalça. Dormir no sofá depois do almoço. Olhar para o mar. Vinho tinto. Gente leve. Minha sogra que fala “Big Broda”. Sapato novo. Livro novo. Brigadeiro quente na panela. Ir ao cinema. Filme bom. Programas de índio (sim, eu sou estranha - às vezes, é muito bom!!!). Gente humilde. Viajar. Pessoas que sabem elogiar. Telefone no silencioso. Receber um SMS fofo. Filtro solar que não gruda. Folha em branco. Falta de frescura. Ficar sem fazer nada (viva o ócio!). Minhas amigas do peito (são poucas, acreditem). Petit Gateau. Sentir o jeans mais largo. Integridade. Dançar. Sair satisfeita do salão. Acordar tarde aos sábados.  Pagar todas as contas do mês (e ainda sobrar dinheiro). Pessoas que valorizam a arte. Pessoas que gostam de ler. Gente com atitude. Gente otimista. Homens bem resolvidos. Mulheres que se valorizam. Champagne gelada.  Conversar só com o olhar. Beijo na boca. Uns bons “amassos”. Tour na drogaria. Delivery. Colecionar frases. Andar de carro com uma ótima trilha sonora.  Compras coletivas. Conversar com crianças (me divirto!). Letras de música que falam por mim. Meu marido tocando violão. Ver que alguém lavou a louça da cozinha (e não fui eu!). Lençol cheiroso na cama. Meus leitores. Cachoeira. Um pouco de silêncio. Ver um episódio novo de “Greys Anatomy”. Casa limpinha. Fazer um “ok” em todos os itens do dia na minha agenda (é raro, mas acontece). Alto astral. Minha foto com meu avô (saudade feliz!). Pessoas autênticas. Cafuné (sempre!). Ônibus (ou avião) vazio. Passear (sou sagitariana!). Cantar sem saber a letra/idioma (meu hobby!). Céu azul. Conversar com gente inteligente. Sentir-se em paz. Sentir amor. Sucrilhos (amo!). Café. Ter fé (sempre!). E o melhor: saber que essa lista apenas começou...

Cristiane Santos

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Coisas que me irritam...



Fofoca. Dor de dente. Dor de cotovelo. Gente sem noção. Mensagens-cabeça no msn. Telemarketing. Telefone na hora daquele capítulo interessante da novela. Gente que não tem nada a ver com a história. Imposto de renda. Falta de dinheiro. Falta de saúde. Falta de jeito. Falta de noção. Falta de pontualidade. Falta de atitude. Falta de humor! Ficar gripada no feriado. Minha impressora. Cólica. Jiló. Cebola. A síndica do prédio. Gente pessimista. Engordar. Tédio. A violência no mundo. Gente que fala “é nuix”. Homem mudo por opção. Homem hetero que usa mais cremes que eu. Essa mania das pessoas falarem: já casou? Quando vai engravidar? Mulher que não tem personalidade, te imita em tudo e finge que é original. Frases sem créditos ao autor. Fotos sem crédito ao fotógrafo. Falta de respeito aos artistas. Falta de incentivo aos artistas que realmente precisam. Espinha (de qualquer tamanho, em qualquer lugar). Pinça ruim que não pinça nada. Piriguete que curte TUDO que seu namorado posta no facebook. Homem que faz luz no cabelo. Shampoo Dove. Segunda-feira. Gente que se faz de vítima. Bipolares não diagnosticados (e, consequentemente, não tratados). Caneta estourar dentro da bolsa. Jornal Nacional. Música ruim e que ficam 'martelando' na sua cabeça. Sapato que arranca o esmalte do dedão. Gente que acha que é muito amiga. Transporte público na Baixada Santista. Saúde Pública na Praia Grande. Pessoas com perfume forte que te abraçam e te impregnam com o cheiro. Quebrar a unha. A faxineira te mandar SMS avisando que só volta daqui a duas semanas. Lavar louça. Ir à praia e se preocupar com o filtro–solar toda hora. Ressaca. Fazer dieta. Políticos corruptos. Sentir ciúmes. Ficar sem tempo pra não fazer nada ou ter muito tempo e nada pra fazer. Gente que só te pede favor (puta merda, caralho! Parem de pedir!). Gente que fala palavrão demais (kkk). Pseudo-intelectuais. Gente com visual muito moderno (tenho aflição e fico confusa). Homens com calça skinny que não sejam magrelos e não pertençam aos Strokes. Heteros mais sensíveis que eu (vocês estão de sacanagem, né?) Gente com mania de grandeza (“ tenho um carro tal, relógio tal, caneta tal, já fui pra China, pra Europa”... FODA-SE, vai escrever com Bic, seu deslumbrado!). Pessoas que maltratam garçons e vendedores de lojas (me identifico com ambos. E sofro).Gente que tira foto SÓ pra postar no facebook e fingir que é feliz. Suco de caju (não posso esquecer disso nunca, é minha criptonita!). Viajar de ônibus com alguém do seu lado que come mexerica (ou queijo coalho). Filmes dublados (sempre com a voz da família Dinossauro – socorro!). Ficar no vácuo no What´s up. Dizer “te adoro” e ouvir: “OK”. E, o pior de tudo: descobrir que essa lista ainda nem começou...

(da série "não, eu não sou fofa" de Fernanda Mello com pequenas adaptações de Cristiane Santos)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Criança


Eu sou criança. E vou crescer assim. Gosto de abraçar apertado, sentir alegria inteira, inventar mundos, inventar amores. O simples me faz rir, o complicado me aborrece. O mundo pra mim é grande, não entendo como moro em um planeta que gira sem parar, nem como funciona o fax. Verdade seja dita: entender, eu entendo. Mas não faz diferença, os dias passam rápido, existe a tal gravidade, papéis entram e saem de máquinas, ninguém sabe ao certo quem descobriu a cor. (Têm coisas que não precisam ser explicadas. Pelo menos para mim). Tenho um coração maior do que eu, nunca sei a minha altura, tenho o tamanho de um sonho. E o sonho escreve a minha vida que às vezes eu risco, rabisco, embolo e jogo debaixo da cama (pra descansar a alma e dormir sossegada). 
Coragem eu tenho um monte. Mas medo eu tenho poucos. Tenho medo de Jornal Nacional, de lagartixa branca, de maionese vencida, tenho medo das pessoas, tenho medo de mim. Minha bagunça mora aqui dentro, pensamentos dormem e acordam, nunca sei a hora certa. Mas uma coisa eu digo: eu não paro. Perco o rumo, ralo o joelho, bato de frente com a cara na porta: sei aonde quero chegar, mesmo sem saber como. E vou. Sempre me pergunto quanto falta, se está perto, com que letra começa, se vai ter fim, se vai dar certo. Sempre questiono se você está feliz, se eu estou bonita, se vou ganhar estrelinha, se posso levar pra casa, se eu posso te levar pra mim. Não gosto de meias-palavras, de gente morna, nem de amar em silêncio. Aprendi que palavra é igual oração: tem que ser inteira senão perde a força. E força não há de faltar porque – aqui dentro – eu carrego o meu mundo. Sou menina levada, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu... Escrevo escondido, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. E eu amo. Amo igual criança. Amo com os olhos vidrados, amo com todas as letras. A-M-O. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Quer me entender? Não precisa. Quer me fazer feliz? Me dê um chocolate, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira bonita pra me fazer sonhar. Não importa. Todo dia é dia de ser criança e criança não liga pra preço, pra laço de fita e cartão com relevo. Criança gosta mesmo é de beijo, abraço e surpresa!


Fernanda Mello

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Expectativas...



"Minha expectativa, tantas vezes ansiosa, de que as coisas sejam diferentes, dá lugar à certeza tranqüila de que, naquele momento, tudo está onde pode estar. Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo, eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei. E relaxo."

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Culpa do destino?


Como é que você se vê? Como uma pessoa de sorte ou como alguém para quem "nada dá certo"? Acha que é daqueles que tiram o máximo das coisas boas da vida? Ou acha que está entre os que têm de carregar um peso maior de tristezas do que seus ombros mereciam?
A "sorte", somos nós que a fazemos, boa ou má, de acordo com o nosso comportamento (pensar, planejar e agir). Shakespeare consegue resumir tudo numa frase de Júlio César, quando diz: "Os homens, em certos momentos, são senhores de seus destinos. O erro, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós".
Seríamos, sim, senhores de nossos destinos, se aprendêssemos a converter pensamentos em ações, direcionando-as no sentido de dar vida ao potencial criativo que há em nós. Tudo dá certo, sempre que alinhamos pensamento e objetivo: são aqueles momentos em que nos tornamos senhores de nosso destino.
Quem escolheu o caminho fomos nós. Somos nós os responsáveis pelas nossas escolhas, certas ou erradas, que constroem ou destroem um sonho.
Nosso destino não está nas estrelas, mas nas nossas próprias mãos. Podemos não ter o poder de mudar o mundo, mas podemos mudar a nós mesmos.
"O destino não é uma questão de sorte; é uma questão de escolha. Não é algo pelo que se espera, mas algo a alcançar".
(William Jennings Bryan)
"Homens e mulheres são limitados não por seu lugar de nascimento, em pela cor de sua pele, mas pelo tamanho de sua esperança".  (John Johnson)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A viagem


A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, agradáveis surpresas em muitos embarques e grandes tristezas em alguns desembarques.

Quando nascemos entramos nesse magnífico trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.

Infelizmente isso não é verdade, em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos do seu carinho, amizade e companhia insubstituíveis. Isso porém não impedirá que, durante o percurso, pessoas que se tornarão muito especiais para nós, embarquem. Chegam então nossos irmãos, amigos, filhos e amores inesquecíveis!

Muitas pessoas embarcarão nesse trem apenas a passeio, outras encontrarão no seu trajeto somente tristezas e ainda outras circularão por ele prontos a ajudar quem precise.

Vários dos viajantes quando desembarcam deixam saudades eternas, outros tantos, quando desocupam seu assento, ninguém nem sequer percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros que se tornam tão caros para nós, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos, portanto somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não nos impede, é claro, de ir ao seu encontro. No entanto, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já haverá alguém ocupando aquele assento.

Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, porém, jamais, retornos. Façamos essa viagem então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com os outros passageiros, procurando em cada um deles o que tiverem de melhor, lembrando sempre que em algum momento eles poderão fraquejar e precisaremos entender, porque provavelmente também fraquejaremos e com certeza haverá alguém que nos acudirá com seu carinho e sua atenção.

O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros de viagem, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
Eu fico pensando se quando descer desse trem sentirei saudades... Acredito que sim, me separar de muitas amizades que fiz será no mínimo doloroso, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos será muito triste com certeza; mas me agarro na esperança que em algum momento estarei na estação principal e com grande emoção os verei chegar. 

Estarão provavelmente com uma bagagem que não possuíam quando embarcaram e o que me deixará mais feliz será ter a certeza que de alguma forma eu fui uma grande colaboradora para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Amigos, façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranqüila, que tenha valido à pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Simplicidades da vida


Eu nasci perfeita, um rosto normal que muitos acham bonito e alguns feio, mas para Deus é sem imperfeições. Um cabelo normal, mas que pra mim é lindo. Um corpo sem defeitos também a não ser de ele ser um pouquinho .... gordo. Viu nasci perfeita. Ou quase perfeita. Tenho um defeito... Defeitão. Meu nariz é meio estilo "batata", brincadeirinha! Isso é só uma distração. Queria apenas chamar a sua atenção para falar da essência de cada um de nós. Essa essência é valiosa para cada um de nós, então não deixem ela acabar por quaisquer coisas que as pessoas queiram mudar nela. Seja você mesma assim: com defeitos, manias e jeito estranho...Por que pessoas são só pessoas, quem irá julgar sua verdadeira essência será somente Deus. Não acredite em poucas palavras, em gente fingida, falsa, mentirosa, traiçoeira e que só quer ver o seu fim. Acredite no seu potencial, na sua vontade e em você. Só isso. Agora pare de se lamentar por aquilo que não aconteceu ou que você não conseguiu. Vá em busca da sua felicidade! Peça perdão e perdoe! Corra atrás de quem ama você e não atrás de quem lhe odeia - não vale a pena e valorize quem te valoriza. E se essa pessoa não perceber o seu esforço... Mande-a merda!!! rs... brincadeirinha. Apenas, se distancie dela. Mas, lembre-se sempre que sua felicidade sempre deverá estar em primeiro lugar. Não esqueça!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

É...


Sou dessa leva de gente que tem como sina ver demais. 
Sentir demais. Amar quase do tamanho do amor. Traço de nascença, uma estranha dádiva que, durante temporadas, pra facilitar a própria vida, egoísmo que seja, a gente tenta disfarçar de tudo que é maneira que aprende. Mas não tem jeito, nunca terá, nascer assim é irremediável, o que... é preciso é desaprender o medo.Por tudo o que é mais sagrado nesse mundo e em quaisquer outros que não tenho certeza se existem, mas suspeito, muitas vezes eu desejei não ver tanto. Criança, quando senti isso sem saber palavras, inventei minha miopia. Não adiantou: o encurtamento dos olhos é só do lado de fora, por dentro eu vejo muito comprido. Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de conta-gotas. Eu, não: é uma chuvarada dentro de mim. Que os sensíveis sejam também protegidos. Que sejam protegidos todos os que vêem muito além das aparências. Todos os que ouvem bem pra lá de qualquer palavra. Todos os que bordam maciez no tecido áspero do cotidiano. Todos os que propagam a bondade. Todos os que amam sem coração com cerca de arame farpado. Que sejam protegidos todos os poetas de olhar e de alma, tanto faz se dizem poesia com letras, gestos, silêncios ou outro jeito de fala. Que sejam protegidos não por serem especiais, que toda vida é preciosa, mas porque são luzeiros, vez ou outra um bocadinho cansados, no escuro assustado e apertado do casulo desse mundo.

Ana Jacomo

domingo, 8 de janeiro de 2012

Tempo...



"Mais uma vez o tempo me assusta.
Passa afobado pelo meu dia, atropela minha hora, despreza minha agenda.
Corre prepotente, para disputar lugar com o vento.
O tempo envelhece, não se emenda.
Deveria haver algum decreto que obrigasse o tempo a desacelerar e a respeitar meu projeto.
Só assim, eu daria conta dos livros que vão se empilhando,das melodias que estão me aguardando;
Das saudades que venho sentindo,
Das verdades que ando mentindo,
Das promessas que venho esquecendo,
Dos impulsos que sigo contendo,
Dos prazeres que chegam partindo,
Dos receios que partem voltando.
Agora, que redijo a página final,
Percebo o tanto de caminho percorrido
Ao impulso da hora que vai me acelerando.
Apesar do tempo, e sua pressa desleal,
Agradeço a Deus por ter vivido, amanhecer e continuar teimando ..."


Flora Figueiredo

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sou assim...



"Por vezes me pego a observar o comportamento alheio. Não é porque eu faça muito que irei receber muito, às vezes recebo bem menos do que retribuí. E não é uma entrega intercambiável. É gratuita. Mas não nego que fico chateada quando percebo que a recíproca não é verdadeira. Acho que sentimento precisa ser mútuo. De amor, de amizade e até de camaradagem. Não quero e nem preciso ser estepe de ninguém. E esse tipo de pensamento me faz menor. Como se abrisse mão daquilo que sempre acreditei. Acredito muito no é ou não é. Sem meio termo. Odeio covardia e prefiro a radicalidade. Se ainda me olham com receio, não posso fazer nada. Sou assim..."


Léia Viana
http://caminhodasborboletas74.arteblog.com.br/

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Acalma minha alma, Senhor




Segue mais uma das minhas orações...
Acalma minha alma, Senhor, que se confrange em pesares,  ante os problemas mal resolvidos ou sem solução.
Acalma minha alma, Senhor, quando a madrugada chega
e o sono não vem para o reclamado repouso do corpo cansado da luta diária.
Acalma minha alma, Senhor, e toma minha vida em Tuas mãos.
Conduza-me para que eu não me perca nos caminhos tortuosos
do desespero e da angústia que, insistentes,
batem à porta de meus pensamentos e de meu coração.
Acalma minha alma, Senhor,  equilibra minhas energias
e fortalece meu espírito e assim, somente assim,
com Teu amor alicerçando minha vida,
é que poderei vencer hoje e sempre.
Amém!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Palavras: um eterno caso de amor



Para mim, poucas coisas são melhores que escrever. A ideia aterrissa de repente e o mundo – como por encanto – parece parar. O tempo se recolhe. Tudo fica suspenso. E é só colocar o dedo no teclado (ou a caneta no papel), que o relógio instantaneamente dá seu click. A imagem descongela. A página em branco toma vida. E a história começa – sutilmente – a se desenrolar. (Mesmo que dentro de mim).
Não tem jeito. Palavras ditam minha ordem. Moldam meus capítulos. Me mostram quem sou. (E quem, na verdade, eu poderia ser). Ao escrever, tudo torna-se possível. É meu reino imaginário, onde vez por outra encontro traços reais de mim mesma.
Em palavras, eu me encontro. É a hora onde eu me sinto mais livre. Mais completa. E descubro as minhas diversas faces. Fases. E frases.
Em versos, percebo meus lados incertos. Inversos. Minhas dúvidas, devaneios e reticências... E, mesmo que me assustem, estou ali: escrita. Pronta para me ler. Reler. E me editar.
É, escrever, para mim, é meu melhor exercício. De autoaprendizado. De humildade. De aceitação. É minha terapia gratuita, tendo – como psicóloga – a mais travessa das filósofas: a literatura.
Por isso, quando as letras surgem... Bom, deixo que elas me levem! Aonde eu vou chegar? Não sei. Mas, não importa. De mãos dadas com as palavras, espero que eu consiga, de alguma forma, encontrar respostas para minhas eternas perguntas ou – quem sabe? – descobrir um pouco mais sobre mim. O que já vale, na minha opinião, um bom texto. Ou a vida.

(Palavras, eu nos declaro, marido e mulher.)

Fernanda Mello

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Inconstância


Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade. Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.
Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima. Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.
Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.
Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo.
Nem eu sou o que penso que eu sou.
Nem nós o que a gente pensa que tem.
Prefiro as noites porque me nutrem na insônia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. Trabalho sem salário e não entendo de economizar.
Nem de energia. Esbanjo-me até quando não devo e, vezes sem conta, devo mais do que ganho.
Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. Não vou à missa. Nem faço simpatias. Mas, rezo pra algum anjo de plantão e mascaro minha fé no deus do otimismo.
Quando é impossível, debocho. Quando é permitido, duvido. Não bebo porque só me aceito sóbria, fumo pra enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas.
Penso mais do que falo. E falo muito, nem sempre o que você quer saber. Eu sei. Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas.
Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.
Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. E note bem: não sou agressiva, mas defensiva.
Impaciente onde você vê ousadia.
Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.
Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos.
E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo.

Martha Medeiros

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O que acontece no meio


Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.

No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma idéia) foi perda de tempo.

Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa. Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.

No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença. Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem, que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que o plantio é uma opção, mas a colheita é obrigatória.

Martha Medeiros

domingo, 1 de janeiro de 2012

Recomeçar


Despertar, sob a luz de um novo dia e renovar
Encontrando nova força para Amar
Em tempos difíceis
Descobrir
Sem querer o quanto é frágil
Decidir
Escolhendo cada passo onde ir
Num futuro incerto
Não é fácil, prosseguir apagando da memória
Tudo aquilo que fez a nossa história
Nossa vida de novo começar
Eu canto ao vento
Que beija os meus cabelos num alento
Eu canto ao mar
Que apaga os meus sentidos, e me faz
Recomeçar
Decidi avançar o meu caminho
Sem deixar
Que o passado, o destino, possam destruir
Uma vida honesta
Revirar
Alegrias e lamentos
Entender, que só mesmo o próprio tempo
Nos dará, todas as respostas
Não é fácil, prosseguir apagando da memória
Tudo aquilo que fez a nossa história
Nossa vida de novo começar
Música tema da novela "A vida da gente", interpretada por Tânia Mara