Arte de Cínthya Verri
“Durante 13 anos fui monogâmica,
mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita
ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros
homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes
dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."
Querida Maria,
Existem casais com casas separadas; com ou sem filhos; do mesmo sexo;
com gatos e cachorros. Tantos casais além da imaginação. Qualquer tipo
de união pode dar certo.
Estima-se que em torno de um terço dos casamentos é firme e prolongado.
Estima-se que em torno de um terço dos casamentos é firme e prolongado.
Simone de Beauvoir encarnou o papel de feminista forte e inteligente.
Ficou famosa quando escreveu que o casamento era imoral - o horror de
tomar uma decisão definitiva que envolvesse não só o eu de hoje, mas
também o eu do futuro.
Vivia com Jean-Paul Sartre, um pensador que defendia a individualidade
e a liberdade. Um homem que se relacionava “livremente”, com muitas
mulheres, talvez mais para comprovar sua tese do que por necessidade
amorosa. Simone arranjava mulheres para Sartre e depois caía de cama,
literalmente doente de ciúmes.
Foram mentes fundamentais para entender nosso século, mas que não parecem ter desenvolvido uma vida plena entre eles.
Os casamentos ditos abertos, com excessivas aventuras, costumam ser os mais pobres.
O prazer da variedade de parceiros pode encobrir a incapacidade
afetiva. Na maioria das vezes, não passa de uma adolescência
persistente.
O casamento é bom quando a dupla se entende e cada um se revela ao outro progressivamente.
De modo geral, o casamento aberto é um teatro onde as pessoas são os atores e o público.
Seu caso parece mais uma separação pela qual não quer pagar. É querer
escolher sem ter perdas. Uma vida que não assumimos é uma vida pela
metade.
Arrisco um palpite: você não sentiu ciúme de seu marido, mas gostou das
novas conquistas e da possiblidade de ser desejada por outros homens.
Agora falta abrir a carteira e quitar as dívidas.
Beijos meus
Cinthya Verri
Publicado no jornal Zero Hora
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