terça-feira, 4 de setembro de 2012

Casamento aberto dá certo? (Parte II)



 
Arte de Cínthya Verri
“Durante 13 anos fui monogâmica, mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."


Querida Maria,
Existem casais com casas separadas; com ou sem filhos; do mesmo sexo; com gatos e cachorros.  Tantos casais além da imaginação. Qualquer tipo de união pode dar certo.

Estima-se que em torno de um terço dos casamentos é firme e prolongado.
Simone de Beauvoir encarnou o papel de feminista forte e inteligente. Ficou famosa quando escreveu que o casamento era imoral - o horror de tomar uma decisão definitiva que envolvesse não só o eu de hoje, mas também o eu do futuro.
Vivia com Jean-Paul Sartre, um pensador que defendia a individualidade e a liberdade. Um homem que se relacionava “livremente”, com muitas mulheres, talvez mais para comprovar sua tese do que por necessidade amorosa. Simone arranjava mulheres para Sartre e depois caía de cama, literalmente doente de ciúmes.
Foram mentes fundamentais para entender nosso século, mas que não parecem ter desenvolvido uma vida plena entre eles.
Os casamentos ditos abertos, com excessivas aventuras, costumam ser os mais pobres.
O prazer da variedade de parceiros pode encobrir a incapacidade afetiva. Na maioria das vezes, não passa de uma adolescência persistente.
O casamento é bom quando a dupla se entende e cada um se revela ao outro progressivamente.
De modo geral, o casamento aberto é um teatro onde as pessoas são os atores e o público.
Seu caso parece mais uma separação pela qual não quer pagar. É querer escolher sem ter perdas. Uma vida que não assumimos é uma vida pela metade.
Arrisco um palpite: você não sentiu ciúme de seu marido, mas gostou das novas conquistas e da possiblidade de ser desejada por outros homens.
Agora falta abrir a carteira e quitar as dívidas.
Beijos meus
Cinthya Verri
 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 02/09/2012 Edição N° 17180

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.

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