quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Acabou


O ano acabou. Apressado e sem escrúpulos. 
Arrancou lágrimas, gargalhadas, cócegas, fios de cabelo, gorduras, humores, parentes e dentes.
Esgotaram-se os dias como biscoitos. Escorreram como água de louça lavada.
Corajosamente, levaram dores vividas e inventadas. Perderam o controle, afanando pessoas.

O ano fez de um tudo. 
Mostrou verdades e espelhos de mentira. Enxerguei desejos que nem meus eram.
Assisti a ensaios de erros. Espetáculos de acertos. O ano me empurrou guela adentro uma vida repentina.
Regurgitei a tempo. Juro que não era minha.

O ano titubeou.
Levou-me à dúvida, à dívida, a tremer a pálpebra.
Congelei diante da vida adulta. Escolhi ter certezas, e foram dias de pernas firmes.

O ano levou embora o sonho, deu espaço a realidade conquistada.
O ano estilhaçou a redoma, deixando o ar pelas narinas adentro.
O ano estendeu a ponta dos dedos. Eu fiquei na ponta dos pés.
O ano se espreguiçou para os próximos que o seguem. Bocejei pros dias que se passaram.

Custou viver estes dias. Suamos manhãs, tardes e noites.
Demos vida ao ano. Amamentamos dois mil e onze. 
Não foram gratuitos, os dias. 
Foram noites mal-dormidas para entender o que se passava no coração das manhãs.

Centenas de vezes os dias tentaram chegar a algum lugar.
Deram passos, desmoronaram. 
Adormeciam e tentavam.
Os dias seguiam, se amontoavam. E o ano desistiu de ser.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aprendiz da vida


Queria poder dizer que estou numa idade onde aprendi a vida. Mas não cheguei ainda a esse ponto. Aprendi algumas coisas sim, outras trazem uma luta enorme entre eu e meu eu e não sei quantas quedas e quantos levantares serão necessários para que eu aprenda. Mas não desisto.
Parece que estou na idade da razão, mas percebo que não existe idade para isso. Nem sempre tenho razão, nem sempre sei o que fazer, sou e serei até o último minuto uma aprendiz da vida.
Dizem que perdoar é esquecer e eu não sei ainda onde encontrar essa borracha que apaga vivências doloridas ou curativos que cubram feridas que nunca se fecham. No meu ver, perdoar é compreender, aceitar e seguir adiante, é poder olhar nos olhos da outra pessoa novamente e, se preciso, dar a mão sem o sentimento de sacrifício. Raras são as pessoas que alcançam o dom do perdão, mas não é impossível.
Quando pensamos que sabemos tudo porque vivemos um certo número de anos, temos que admitir que vivemos em outras épocas, com outros valores e que nossas certezas de antes nem sempre cabem nos dias de hoje. Nossas crianças nos lembram disso a cada instante. São elas nossos maiores mestres, ao contrário do que se pensa.
Em tudo o que fazemos e dizemos, nosso exemplo vale mais do que todas as palavras. As crianças ouvem muito mais que parecemos, que o que dizemos. É assim também com os que precisam do nosso apoio.
Cada um de nós absorve de maneira diferente acontecimentos comuns a todos e somos incomparáveis. Por que eu vivi algo de um jeito não obriga ninguém a viver da mesma forma. Aprender a respeitar a dor alheia é respeitar a individualidade do ser humano.
O medo do sofrimento do amor nos afasta das pessoas que mais nos amam.
Muito do que chamamos de imprevisto e coincidência é a mão de Deus interferindo nas nossas vidas. Devemos pensar duas vezes antes de reagir mal a algo que contraria nossos planos.   
O passar do tempo nos traz a experiência, mas a sabedoria vem de maneira diferente. Ela chega com a vivência, entendimento, compreensão e aceitação das adversidades. 
Meu maior medo é acreditar sobre o que dizem a meu respeito, isso me destruiria. Devo sempre saber quem sou e nunca me esquecer Daquele que me criou.
Aprender a vida é reconhecer-se aluno eterno, com as somas, diminuições e ciências do dia-a-dia. É chegar ao fim do dia e fazer planos para o dia seguinte e se preciso for, recalcular, rever, repensar e recomeçar.

Letícia Thompson

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Renascer

"...mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia."

2 Coríntios 4:16
Todos os dias eu me perco, tente entender. Cada vez que desperto, abandono o que era no ontem e renasço, inteira e partida. Cada olhar no espelho é um desafio à minha sanidade, propondo que eu reconheça o estranho rosto que me confronta. 
Não, não é loucura. O nome disso é vida, vida vivida, vida sentida, vida marcada, amada, sofrida. Não posso dizer quem sou quando simplesmente ainda não deixei de ser. A fórmula da bula que me compõe não encontra jeito para remediar. 
Eu já quis ser tudo na vida. Já fui nada, sendo mil. Mas a minha grande verdade matinal é sempre a dúvida, o olhar que retrocede as minhas lembranças e forma a autenticidade do que acredito.
Não posso prometer que estarei aqui amanhã, sendo que mal recordo o que pensava de você ontem. Não posso conjugar o futuro, pois  gosto de tropeçar na mutável possibilidade de simplesmente mudar de ideia. O que me resta é saborear a interrogação que me cobre a pele, na busca incessante do que me responda.
Todos os dias eu me perco, mas conforme as horas passam, provo do  amargo ser que sou e componho mais um dia de ideias. E assim, me acho entre as perguntas inacabáveis e descanso na humanidade crua da dependência divina. Tudo o que posso é ser, simplesmente, sem definição, para que só assim me explique. 
E quanto a você, basta apenas me reencontrar todos os dias para que em cada um deles eu decida ficar. 
Karine Mattos

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dezembro, seja sempre bem vindo!



É o tempo voou, muitos sentiram mais devagar e, eu nem vi !  E, já chegamos no último mês do ano!Mês das festas, das luzes, das viagens, férias (para alguns), verão caliente no Brasil.
É o mês de bons sentimentos, arrumar a casa, jogar fora as coisas velhas, renovar os planos e sonhos.É a hora de olhar pra trás e ver como muita coisa valeu a pena! E como valeu!É tempo de repensar, reavaliar, reorganizar...
E, lembre-se, embora 2012 esteja se despedindo e quase no fim, 2013 está apenas por começar!
Viva Dezembro,  Viva os fins dos ciclos, Viva os Recomeços, o novo, o repaginado...a VIDA!

Meu abraço,Cristiane Santos

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Eu sei...


"...
Meu espelho é sempre a minha última fotografia, por ela vejo o que mudar ou não em mim.

Percebi que eu tinha os olhos tristes, apaixonados, perdidos. Percebi isso ao rever velhas fotografias que resgatei de dentro de caixas. Mas, eu nunca fui triste, eu tinha tristezas, apenas isso. Apesar das minhas dificuldades, sou ótima para saber de mim, mesmo quando finjo o contrário. Pois então, eu sei muito bem o que quero, eu sempre soube. Ou melhor, eu sabia.

Hoje em dia, qualquer vento pode me fazer cócegas e muitos dos meus princípios mudaram de endereço, perderam-se nas decepções da vida. Para que tanta definição de si mesmo? De mim mesma? Para merda nenhuma, que me perdoem o bom uso dessa palavra! Para que a minha eterna tabuada, pregada na barra da minha saia para eu colar de vez em quando e fingir que sou mestre?

Eu sei quem sou eu, sei, sim. Hoje, eu sei o que me faz feliz e que não faz. E só. Basta! Não preciso mais do que isso. Outro dia, conheci um menino que me fazia sorrir, conheci três, conheci dez! Entretanto, todos, em um determinado ponto, pararam de me fazer sorrir e, eu, muito tonta, continuei sorrindo para eles e traçando mapas para nós, delirando... Revejo esses meninos, revejo-me e nada mais encontro porque eu fui ali, saí, larguei o que eu carregava em cantos quaisquer, desfiz as magias tolas e fui ser feliz. Simples. Minha felicidade é o meu corpo, que cuido; minha alma que preservo, e minha inteligência, que me salva.

Eu não sei mais para onde estou indo, o GPS pifou. O mapa? Eu nunca soube mesmo para que lado posicioná-lo. A agenda de telefones? Demoro um ano para atualizá-la, estou sempre um ano atrasada, enquanto todo mundo corre. E todo mundo se espanta, ainda tenho agenda de papel. Ainda tenho tempo de me perder porque parei de dar importância ao traço do compasso. Nunca fui boa mesmo em aritmética, nem em ritmo e equilíbrio, não aprendi a tocar piano e a andar de bicicleta. Só acertei o alvo quando gritei 'este, eu quero', e isso ocorreu poucas vezes. Durmo antes da oração acabar, ladainhas são soníferas... Minha reza é apenas uma conversa, às vezes, íntima, às vezes, nem tanto. Sempre houve em mim um quê de distração pelas coisas, desejos e pessoas... o que eu sempre soube fazer foi levantar voo; me dê uma razoável tranquilidade e eu já não estou mais onde você pensa que estou.

É que todo mundo corre porque já quer chegar. Eu estou sempre indo."
 
Adaptação do texto de Suzana Guimarães

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lembranças que me inspiram a fazer ‘xis’

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Completei um pouco mais de três décadas e fiquei pensando em tudo que me fez e faz feliz... é como se eu fizesse uma grande retrospectiva da minha vida. Senti um pouco de nostalgia, mas acima de tudo um aconchego no coração por tudo que já vivi, pelo que vivo e por tudo que ainda hei de viver. Mesmo assim, selecionei 30 lembranças que me inspiram a fazer ‘xis’ fora da foto:


ü      Fazer compras com meu avô e poder escolher o doce que eu quisesse.

ü      Chegar em casa, após longo dia de trabalho e encontrar o café da tarde na mesa com direito a bolinhos de chuva.

ü      Encontrar dinheiro no bolso de calça guardada.

ü      Furtar pitangas na vizinha e depois pedir pitangas como se eu ainda não as tivesse comido.

ü      Dar o primeiro beijo no homem, que um dia achei, que era o homem da minha vida.

ü      Ser elogiada pela família por ser inteligente e a primeira da turma, mesmo eu achando que não era.

ü      Descer de bicicleta a Av. central da Divisa (Santos/São Vicente) sem apelar para os freios.

ü      Namorar em casa escondida, na escada ou ainda atrás da porta.

ü      Brincar de bexiguinha (cheias de água) no carnaval.

ü      Passar o dia inteiro na praia e ao voltar pra casa ser surpreendida pela chuva de verão.

ü      Dançar e pular carnaval até não mais sentir os pés.

ü      Ser requisitado por vários colegas da escola para apresentar trabalho em grupo.

ü      Comer brigadeiro raspando o que ficou grudado no fundo da panela.

ü      Adorar um livro, percorrer a madrugada lendo e ir contando as páginas que faltam para o final.

ü      Pedir desculpa aos pais, com direito a abraço de rodoviária.

ü      Treinar a assinatura para a carteira de identidade.

ü      Preencher um cheque de cinco dígitos.

ü      Ter festa de aniversário surpresa, lotada de gente que você realmente gosta.

ü      Conseguir aprovação no vestibular e ler seu nome no jornal.

ü      Aprender a dirigir escondido com a tia.

ü      Alugar uma casa só pra mim.

ü      Cozinhar para alguém, e esperar ansiosamente a reação.

ü      Vestir roupa nova da cabeça aos pés.

ü      Andar de bicicleta na orla da praia e não se cansar de olhar o mar.

ü      Achar um posto bem na hora que estava acabando a reserva do combustível.

ü      Tomar um porre e pedir para os amigos descreverem nossas façanhas no dia seguinte.

ü      Adormecer no peito do meu amor.

ü      Mentir a idade e achar graça quando falam que eu não pareço ter a idade que tenho.

ü      Viajar sozinha, sem saber o caminho e chegar como se você estivesse o tempo todo sendo guiada.

ü      Sentir o carinho com que as pessoas me abraçam.

ü      Conhecer pessoas novas em qualquer lugar: na fila do banco, no caixa do supermercado e sentir no fundo do coração uma grande ligação universal.

ü      Ser adicionado na rede social por alguém que você admira.



Cris Santos é jornalista, blogueira, intensa e administradora da página 'Melhor de mim' no Facebook.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cadê meus objetos ?

Por alguns anos achei que era só eu que perdia determinados objetos dentro da minha própria casa e nao entendia como isso acontecia e me questionava:, erder dentro de casa!?

Depois de conversar com algumas pessoas, percebi que não era a única, rs.
E, nesta semana li um poema do Teatro Mágico (que já divulguei) e um texto de Carpinejar sobre o mesmo assunto, que diz assim:
"Deve existir um elo perdido, uma terceira dimensão para onde vão alguns objetos.
Não existe nenhuma explicação razoável para certo sumiço dentro de casa.
Antes pensava que as coisas sumiam para minha mãe me ensinar a rezar a Salve-Rainha, mas já tinha decorado e elas continuavam evaporando.
Faço a lista dos utensílios-fantasmas de nossa vida.
Meias: as meias jamais voltam da máquina de lavar. A máquina de lavar é uma indústria do divórcio. Os pares entram casados e brigam lá dentro. Perdem-se na espuma, ficam tontos, exageram no OMO, no amaciante, sei lá o que acontece. No fim, nunca teremos as meias iguais. Nunca é o casal original de meias. Chega um ponto em que existem vinte meias viúvas na gaveta. Como? Será que existe um alçapão na máquina? O Triângulo de Bermudas deveria se chamar Triângulo das Meias.
Tampas de panelas: como algo de metal e de aço pode não ser encontrado? As panelas sempre estão com uma tampa emprestada de outra panela. A pressa de fazer comida aumenta o pânico. Mexemos debaixo da pia e nem sinal dos conjuntos originais. É um swing muito irritante.
Canetas e tampas de caneta: Um mistério. É colocar o nome na caneta ou uma corrente que ela foge. Odeia donos possessivos.
Isqueiros: e pior que são caros. Eles servem apenas para uma carteira. Deveria ser vendido dentro do próprio cigarro. Não duram em nossas mãos. São como borboletas, vivem somente 24h.
Palhetas: todo músico sabe que uma palheta sozinha não segura nenhum show. Palheta avulsa é ignorada, desprezada como palito de picolé. Ela some, escapa no forro do estojo, da calça, da carteira. Mais fácil adquirir outra do que procurá-la.
Tarraxas: elas nem produzem barulho, não são educadas. Caem sem avisar. São de valor ridículo, mas provocam um baita estrago com a fuga dos brincos.
Guarda-chuva: cada pessoa no mundo terá uma média de 30 guarda-chuvas até sua morte, dados da Organização das Nações Unidas. "
Eu ainda incluo nesta lista:
- Prendedores de cabelos (piranhas, elásticos, grampos, presilhas etc etc);
- Documentos originais;
- Chaves;
- Canhoto/comprovante de alguma compra;
- Benjamin de tomada;
- Brincos, se não forem os dois, um com certeza sempre some;
- Lápis e borracha;
- Batom;
- Tesoura;
- Fronha: o outro par da fronha, cadê? Para mim, se apaixonou pela meia e fugiram!
- Tampa de pote plástico ou o pote da tampa;
- Pen drive, cartão de memória;
- Par do chinelo, quando resolvo usar aquele chinelo, não encontro seu par. Incrível!
- CD, cadê meu CD?

Sem falar das inúmeras vezes que procuramos algo que está na nossa frente e  não conseguimos achar. Bem, talvez isso não se trate só de 'coisinhas', às vezes até de pessoas, mas aí é tema de outro texto.
Cristiane Santos
P.S.: 'Solonguinho, Solonguinho' me ajuda achar o documento da moto, que eu dô 3 pulinhos!


O que se perde enquanto os olhos piscam

O Que Se Perde Enquanto Os Olhos Piscam
O Teatro Mágico

Pronde vai?
Toda tampa de caneta?
Todo recibo de estacionamento?
Todo documento original?
Isqueiro, caderneta,
A camiseta com aquele sinal...
Pronde vai... toda palheta?
Pronde foi... todo nosso carnaval?
Pronde vai?
Todo abridor de lata?
Toda carteira de habilitação?
Recado não dado, centavo, cadeado?
Todo guarda-chuva!
Pra fuga pro temporal!
Pronde vai... o achado, o perdido?
Eu não sei, veja bem...
Não me leve a mal...
Pronde vai?
Todo outro pé de meia,
Carteira, brinco e aparelho dental?
Pronde vai... toda diadema?
Recibo, receita e o nosso enredo inicial?
Pronde vai?
Toalha de acampamento,
Presilha, grampo, batom de cacau
Elástico de cabelo
Lápis, óculos, clips, lente de contato?
A nossa má memória!
A denúncia no jornal?
Pronde vai... aliança, chaveiro, chave, chinelo?
E o controle pra trocar canal
Pronde vai?
O solo que não foi escrito?
Labareda nesse labirinto,
O instinto, o reflexo, sem seguro
O coro do socorro! o lançamento oficial!
Pronde vai... a culpa da cópia?
Pronde foi... a versão original!?
Pronde vai?
A bala que se disparou?
O indício do vício que disseminou
A busca do corpo por algo vital?
A firmação do pulso! o discurso radical!
O troco em moeda... a lição da queda
Pronde foi... nosso humor e moral?
Pronde vai? todo nosso desalento
Morre brisa nasce vendaval
Pronde vai a reza vencida pelo sono
Ela vale? me fale... me de um sinal!

São Longuinho
Me fale me de um sinal!

Pra onde foi?
O canhoto, benjamim de tomada
Simpleza, prudência, consideração?
A clareza, autenticidade, compaixão, certeza, a urgência e o perdão?
Carregador de bateria,
O extrato, a ponta, a conta nova, a cola e a extensão?
O estímulo,o exemplo, a voz dissonante...
A coragem do meu coração!

São Longuinho, são Longuinho
Me fale me dê um sinal!
São Longuinho, são Longuinho
Pra onde foi?
A coragem do meu coração!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A humanidade

Quando você conseguir superar
graves problemas de relacionamentos,
não se detenha na lembrança dos momentos difíceis,
mas na alegria de haver atravessado
mais essa prova em sua vida.

Quando sair de um longo tratamento de saúde,
não pense no sofrimento
que foi necessário enfrentar,
mas na bênção de Deus
que permitiu a cura.

Leve na sua memória, para o resto da vida,
as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade,
e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.

Uns queriam um emprego melhor;
outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
outros, ter pais.
Uns queriam ter olhos claros;
outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita;
outros, falar.
Uns queriam silêncio;
outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo;
outros, ter pés.
Uns queriam um carro;
outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;
outros, apenas o necessário.
 
Há dois tipos de sabedoria:  a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe
e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior.
 
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
A sabedoria superior tolera;
a inferior, julga;
a superior, alivia;
a inferior, culpa;
a superior, perdoa; a inferior, condena.
Tem coisas que o coração só fala
para quem sabe escutar!

Chico Chavier

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A hora do cansaço


As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
Dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
Numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto acre
Na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pinóquio é um beija-flor venenoso


Terminamos amizades, encerramos amores, destruímos trabalhos por pequenas mentiras.

Nunca são as grandes. São as vergonhas minúsculas que nos levam às grandes humilhações.

Aquela frase errada que o orgulho não permite consertar e que cresce como uma bola de neve.

A mentirinha é muito pior do que a mentira.

http://carpinejar.blogspot.com.br/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Feliz aniversário!



Hoje é aniversário de José Marques. Não tenho como expressar, em palavras, tudo o que eu gostaria de dizer a este homem maravilhoso, que a cada dia me ensina algo novo. Ele é um amigo, um parceiro de traquinagens, um conselheiro, um confidente.

Qual presente dar para alguém assim? Só o que posso dar, neste instante, é o meu amor e  a certeza de que estarei sempre por perto, seja onde for e independente da distância que nos separe.

É só mais um aniversário, mas não um dia qualquer. É o seu dia, deixe que sorriso brote em você com a intensidade de um sol. Seja feliz, hoje e sempre. 
Te amo.
Cristiane Santos
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Morno não dá



Sempre tive pavor a coisas mornas. A romances brandos, a despedidas sem lágrimas, dias bons sem fotos e a domingos assistindo Faustão. Sempre tive horror a coisas práticas, a comidas instantâneas, a gente que só bebe socialmente, a pessoas que não são claras no que sentem e que nunca choraram vendo um filme.
Nunca gostei de encontrar nada pronto.
Nunca aceitei romances que não me fizessem sofrer ou chorar dias na despedida. Mais do que acabar sozinho, eu tinha medo de acabar com alguém que não amava, apenas por conveniência. Sempre tive preguiça de casais que não exalavam amor. Nunca tomei como guia letras de músicas baianas que diziam aprender a gostar de quem gosta da gente. E nunca estive disposto a ensinar ninguém a gostar de mim. Os dois precisam gostar juntos. É assim que tem que ser o começo e não o fim.
Sempre repugnei a idéia de ir a praia e não entrar no mar, de passar a vida inteira sem um aniversário surpresa, de me acostumar a dormir cedo, de dizer perdão, mas não sentir arrependimento, de adiar conversas. Diga-me que me odeia, mas não me diga que depois a gente conversa.
Nunca suportei gente sem ambição. Gente que ama e não diz. Gente que diz e não ama. Gente que nunca amou. Gente que só aceita se for para sempre. Gente que não se esforça para que seja para sempre.
Sempre tive mais afinidade com pessoas que choram rios no fim de seus relacionamentos jurando que odiariam romances dali pra frente, mas que algumas semanas depois estavam assistindo comédias românticas torcendo para um final feliz.
Tenho fobia de pessoas que não mandam cartas. Mesmo que não seja boa com palavras. Fobia a pessoas que acham que só amamos uma vez na vida, mesmo que seja diferente.
Mais do que bom humor, sempre admirei pessoas ousadas. Que não se permitiam ter a mesma vida eternamente, nem morar no mesmo lugar a vida toda. Mesmo que fosse para voltar dizendo que não deu certo.
Medo de ser como os que desistem fácil.
De gente que prefere não ter a perder. De gente que só aposta no amor quando ele está ali pronto e fácil. Que chama de precipitado quem se entrega de primeira e chama de maluco quem aposta em um romance a distancia. Como se a geografia fosse mais importante que os sentimentos. Ou anestesiados pelos sofrimentos da vida ou por nunca terem gostado de alguém de verdade. Vivendo um romance por praticidade, jurando que seja amor. 

Vinícius D'Ávila

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amores



É que uma vez me disseram que só amávamos uma vez na vida. E isso ficou martelando em minha cabeça como uma tentativa de explicar o que em minha vida foi amor e o que foi entusiasmo. Como em um talkshow em que eu precisava eliminar todos aqueles que julguei que haviam sido amores, mas não foram. Gente criando regra pra gente.

A primeira vez que eu amei, não precisei de nada mais que um olhar na direção certa. Tomado por aquela beleza bondosa para meus olhos, mas cruel para minhas mãos. Eu achava que meu coração poderia parar do nada enquanto ele mascava chicletes. Ele não precisou ser gentil, nem enviar flores. Isso só intensificou. Porque no primeiro segundo que o vi eu já o amei da maneira mais adolescente que alguém poderia amar. Em que a felicidade se resumia a ter um sorriso retornado e era imperdoável não escolher sentar ao meu lado. Eu dediquei alguns meses tentando conquista-lo, como se fosse possível ele me amar na facilidade em que eu o amei. Até que entendi que ele era tudo para mim e eu nunca seria nada para ele. Porque o amor já havia feito suas escolhas.

A segunda vez que eu amei, eu precisei beijar. Não que não fosse bonito, pelo contrário, mas belezas já não me causavam mais que simples atração. Durante o primeiro beijo eu precisei abrir os olhos para ter certeza que era possível mesmo sentir tanto prazer somente em beijar alguém. A companhia dele me fazia tão bem, que os anos de namoro me deram conforto, pois mesmo se eu nunca fosse bem sucedida profissionalmente, mesmo que a maior parte dos meus sonhos fossem adiados, eu sabia que havia alcançado o máximo do sucesso na vida amorosa. Numa dependência exagerada, que qualquer lugar que ele não estava, tornava-se monótono e sem graça. Pelo medo que passei em ter da morte, pelo medo que passei em ter a perder, não tinha como duvidar que não fosse amor. Mas como o melhor dos nossos filmes, a última cena chegou. E foi preciso dizer adeus.

A terceira vez que eu amei, eu precisei perder. Ele era carinhoso demais. Era diferente. Era cuidadoso, saia bem em fotos e me trazia um presente a cada encontro. Mas o amor já me desagradava proporcionalmente na intensidade que ele se dedicava a mim e eu não conseguia gostar de alguém assim. Era complicado estar do outro lado da história e por não saber o que fazer, abri as mãos e deixei que partisse. Foi quando passou um mês inteiro e não recebi nenhum telefonema, foi quando ele começou a ligar para uma amiga minha. Foi aí que eu percebi que já não éramos mais os mesmos. O eu idealizado e o ele apaixonado, já não existiam mais.

O quarto amor chegou e desta vez eu precisei conviver com o amor a maior parte do tempo para saber o que era um amor maduro, calmo. Éramos muito diferentes, ideologias, ritmo, ambições; éramos amigos de anos. E foi no meu ritmo que tudo aconteceu, antes de namorarmos fizemos uma viagem de sete dias juntos, depois fomos morar juntos e depois de nove meses casamos. E assim, eu o amo. Eu o amo mesmo quando o cabeleireiro erra no corte de cabelo dele. E ele não me ama menos. Eu o amo porque ele não tem a palavra terminar como idéia inicial se um dos dois faz algo que desagrade. Para ele eu posso mostrar os meus filmes favoritos e ele assistirá mesmo que seja para dizer que não gostou. E vai compreender o meu temperamento sem longas explicações. Porque este amor não é fruto de uma ação, mas da soma de todas elas.

Tudo isso para falar que uma vez me disseram que a gente só ama uma vez na vida. Mas só se a gente permitir. Eu amei quatro vezes. Sim. Eu sei. A vida endurece a gente. A gente nasce manteiga e morre pedra. Mas como eu disse, só se a gente permitir. Tem gente que depois que sofre, não se entrega de novo, enquanto tem gente que acha que só porque não deu certo é que não foi amor. Tenho orgulho de ser manteiga e ainda amar.

Eu amei diversas vezes na minha vida, com maturidade diferente, em formas diferentes, por motivos diferentes. E por mais que contadas separadamente pareçam sobre sentimentos diferentes, todas elas são histórias de amor.

Cristiane Santos
Assinem: facebook.com/cricaps

p.s: Baseado em um texto de Vinícius D'Ávila

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O Morno


Ele só queria ver o sol
Mas nunca saía do seu quarto
Culpava a incerteza e a distância
Só se for fácil e garantido, aí eu faço

Nunca joga nada e quer massagem 
Não quer nem ver o jogo e só quer gol 
Não lê o livro, só quer a mensagem 
E só chupa a laranja que um outro descascou

Rezava, mas esquecia de crer
Queria o bem, mas só levava a mal
E quando, então, o papo era fazer
Preferia voltar só no final

Pois sempre foi mais fácil esperar
E ver as flores no jardim dos outros
Esperar para ver no que vai dar
E se for legal, por que não fazer igual?

Queria muito viver bem a vida
Mas esquecia apenas de viver
Passava o dia olhando pra parede
E nunca via nada acontecer

Queria saber como é viajar
Mas tinha medo de algo dar errado
Então achava melhor nem tentar
E esquecia que podia ter amigos ao seu lado

Enfim, um dia ele acordou pra vida
E experimentou o que é viver
E amou, errou, tentou, leu, descobriu...
Que é natural nem tudo sair como se espera

Mas todo ano chega a primavera
E o calor do sol sempre ta aí pra te abraçar
Pode sorrir!


de Nevilton