sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pessoas especiais


"Eu gosto de pessoas inteligentes que enxergam o mundo com humor. Tem muitas pessoas em quem eu bato o olho e penso: deve ser legal ser amiga dele. É gente que não carrega o mundo nas costas, que fala olhando nos olhos, que não se leva tão a sério, que é franca na hora do sim e na hora do não. É difícil sacar as qualidades de uma pessoa sem antes conhecê-la, mas intuição existe pra isso. Tenho vários amigos que enriquecem minha vida e se encaixam no meu conceito de “pessoas especiais”..."
  
Martha Medeiros

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Salve as crianças...


“Eu sou tão pequenininho
mas posso te ajudar !
  Só quero ganhar depois,
  bala, docê e guaraná!!!”

Salve as crianças, erês...
Salve São Cosme e Damião!

Amizade platônica

 
 Pior do que amor platônico é a amizade platônica. Muito mais grave.
Quando seu melhor amigo diz que você não é o melhor amigo dele, que ele tem um outro melhor amigo.
Você se acha traído, desapontado, desprezado.
Oferece o máximo de sua conversa e lealdade a alguém que escolheu um terceiro como confidente.
Tudo o que você já fez e falou não teve brilho suficiente para conquistar o reinado da confiança. Lembra que os jogos, os socorros e a cumplicidade não convenceram o parceiro a partilhar de idêntico arrebatamento. Ele ainda acredita que tem um sujeito mais capacitado a entendê-lo do que você. Se ele pudesse optar, não estaria ao seu lado.
Isso desequilibra sua fé. Nasce uma covinha no riso, as sobrancelhas tropeçam nos olhos.
Está ilhado na admiração. É coadjuvante quando pensava atuar no papel principal.
Na hora em que descobre a verdade, não há inveja, e sim decepção. Parece que foi usado, parece que foi um sparring, parece que o passado foi nada.
Nem pode reclamar como acontece no amor platônico. Não pode pedir estorno dos dias vividos, ou gritar que é injusto ou tomar um porre.
Dores de amizade são discretas e silenciosas. Não ser correspondido na amizade cria um vazio sem precedentes.
Na escola, meu melhor amigo era o Cristiano, o único colega a quem emprestei meu time de botão, o único a quem contei que amava a Gisele. Atravessava as tardes em sua companhia: jogando videogame, disputando corridas de bicicleta nas ladeiras da Mostardeiro, solucionando infindáveis cálculos de matemática.
E não é que numa redação da 5ª série, na qual revelávamos nossas grandes parcerias, Cristiano lê alto para toda turma, diante do quadro-negro, que seu amigo do peito era o Gustavo?
Fui pego desprevenido, não tive tempo de esconder a tristeza, que ficou visível no rosto, escandalosa como perfume de goiaba.
Naquele instante, conheci a força secreta da rejeição. Gostava dele e ele preferia o Gustavo. Eu me percebi corneado na amizade. Um corno manso das confissões.
Risquei o Cristiano rapidamente do meu texto. Mas não veio nenhum nome para substituí-lo. Não tinha segundo melhor amigo.
Menti para a professora que não terminei o texto. Ela entendeu minha solidão, e não me repreendeu.
Passei a voltar sozinho para casa. 
 
Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Uma historinha de amigos

 
Depois da separação, a ex-mulher exigiu:
— Não mande mensagens para mim.
— Não fale com meus amigos.
— Não apareça perto de minha casa.
— Não passe na frente de meu serviço.
— Não procure minha família.
— Não jogue futebol em minha praça.
— Não namore nenhuma de minhas conhecidas.
— Não me telefone.
— Não frequente meu supermercado.
— Não compre carne no açougue do gringo.
— Não apareça nos meus restaurantes prediletos.
— Não coloque nossas fotos antigas na internet.
— Não vá na Green Valley dançar.
— Não viaje para serra em outubro.
 Daí o ex-marido respondeu:
— Mas se é para continuar mandando em mim, não é melhor a gente permanecer casado?
 
http://carpinejar.blogspot.com.br/2012/09/uma-historinha-de-amigos.html 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Oração perante a Jesus



Senhor,
Agradecemos os professores de bondade e paciência, compreensão e tolerância que nos concedes, através de todos aqueles que nos transmitem os ensinamentos que nos legaste.
E manifestamos ao teu amparo a nossa gratidão pelos examinadores que nos envias, na pessoa de nossos familiares e companheiros, adversários e observadores, para que se nos verifique o grau de aproveitamento das tuas mensagens de paz e amor.
Entretanto, Jesus, entre aqueles que nos induzem a procurar as virtudes que ainda não possuímos, e aqueles outros que nos destacam os defeitos e as deficiências que ainda carregamos, nós te pedimos força e coragem para sermos simples e humildes, a fim de praticarmos as tuas lições."

= Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. in: Paz, ed. C.E.U.=

Que tenhamos uma semana abençoada!
Cris

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dentro de ti mesmo

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Não preciso ir muito longe, basta olhar a minha saudade, essa que me vem suavemente falar de ti. Quis sim conversar contigo, te vi deitada no sofá verde, deu-me vontade, deu-me lágrimas, deu-me carinho. Apenas afaguei o meu coração, pois nele posso sentir o carinho que sempre terei por ti. Percebi o grande desafio da minha saudade, a vi corajosa, insistente. Mas aprendi muito cedo a vestir sonhos de roupas coloridas no meio da realidade cinza, dessas que rasgam arco-íris, e ali pude plantar momentos, flores, amores. Mesmo não querendo, somos fracos diante da trapaceira vida. Nos olhos daqueles que amo, vi lágrimas, vi dor, vi tudo com minha mais pura transparência de menina (é, ainda sou uma menina, rs). Lamentei, sofri, a ausência é a causa dessa saudade, mas também sei que a saudade é a que acolhe nossa alma e nos dá força. Ninguém pode imaginar a minha felicidade de tê-la conhecido e muito menos a minha tristeza de tê-la perdido, melhor, de estarmos separadas. Ontem o dia foi de sol, o céu estava azul e eu lembrei de uma “frase” sua que a saudade me ditou... Bem, eu disse em vida, mas repito ‘obrigada’, era só o que queria te dizer, obrigada por tudo! Foi bom te encontrar nessa vida, foi bom te encontrar na minha saudade. A vida continua para nós, mesmo assim, sem repetições.

“Ama - e estarás sempre perto do ente amado... Em todo o Universo... Dentro de ti mesmo...”
 
Cristiane Santos

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ele é o alguém

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Ele é o alguém que não desistiu de mim mesmo quando já não me agüentava mais. Ele não me tortura com promessas de envelhecer comigo, mesmo porque não sabemos o dia de amanhã. Ele se orgulha do que escrevo, me faz ser mais amiga dos meus amigos e mais irmã do meu irmão. Ele compreende meu escândalo e tem medo da minha indiferença. Ele coloca bilhetinhos dentro do livro que estou lendo. Ele é alguém que se arrepende rápido das grosserias e me perdoa mesmo sem querer. Ele é alguém que avisa que a roupa não ficou legal em mim. Ele não insiste na conversa quando percebe que que eu não quero mais falar. Ele é quem, nos jantares entre os amigos, disputa comigo para contar primeiro como nos casamos. Ele é alguém que não gosta de dirigir mas, para viajarmos, ele reveza comigo. Ele é alguém que confia em mim e percebe se estou aborrecida ou esperançosa. Ele é quem me prova que amar não é contrato, que o amor não termina com nossos erros. Ele compreende (e não se irrita!) com a minha ansiedade. É com ele que tenho uma linguagem cifrada, o riso solto e manias estranhas (rs). Junto com ele eu arrumo viagens e passeios de repente, e nos seqüestramos um ao outro e voamos para longe de tudo e de todos. É ele que cheira meu corpo mesmo suado como se ainda fosse perfume. É ele que não larga as minhas mãos nem para coçar o rosto. É ele que me olha demoradamente quando estou distraída, que gosta de me telefonar para dizer “oi”. É ele que me dá um espaço acolchoado em seu peito quando estou cansada ou triste. É ele que prova tudo que eu faço na cozinha e me elogia mesmo nos pratos mais estranhos que eu crio. É ele que me dá presentes de Dias das Mães mesmo eu, ainda, não tendo filhos. É ele que me chama para dormir quando adormeço no sofá, e que fica me chamando para despertar quando, eu impensadamente, já desliguei o despertador. Ele é alguém com uma vocação pela metade, uma melancolia discreta, e nunca é prepotente. Ele é alguém que tem uma risada tão bonita e gostosa que eu tenho sempre vontade de ser engraçada. Ele é alguém que comenta comigo a sua dor com respeito e ouve a minha dor com interesse. Ele é alguém que prepara minha festa de aniversário em segredo e conspira com os amigos para me ajudar. Ele é alguém que pinta o muro da cor que eu quero e que não se importa com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Ele é alguém que vira irônico no desespero e doce na tristeza. Ele é alguém que gosta de domingo em casa, de acordar tarde, de andar de chinelos, e que me pergunta o tempo antes de olhar pela janela. Ele é alguém que me ensina a me amar mesmo depois de todas as perdas que tive e que muito me ensinaram a me destruir. Ele tem pressa de mim, eternidade de mim, me liga, me chama, me busca e sempre abre a porta pra mim com um sorriso nos lábios. Ele me torna linda, essencial e única.

À você, meu amor...

Cristiane Santos

É Preto no Branco

É Preto no Branco

"Não tem ilusão, não tem meiguices, não tem roupinha rosa com babados. 
É preto no branco." 
 
Tati Bernades

sábado, 15 de setembro de 2012

Vai passar

 Ao fazer meu check-in no terminal do aeroporto, empaco e crio fila. Não superava a etapa: qual o contato de emergência? Nome? Telefone?

Não digitava nada. Quem colocar? Quem vai velar por mim depois que você foi embora?

Sobrevivo assim a maior parte do tempo.

Quando ando pela rua, reviso os bolsos, fraquejo com a memória, me assusto com as coincidências. Saio de casa com a impressão de que deixei a cafeteira ligada, a porta destrancada.

Qualquer atitude esconde sua ausência. Todo lugar que já estivemos me rebobina. Olho, e me perturbo. Se avisto um twingo, corro para ler a placa. Se percorro Ipanema, vejo sua sorveteria predileta e minha boca procura reaver o cheiro de pistache. Quando atravesso a faculdade, recordo o quanto desejava ter um leão de pedra no pátio de sua casa. São observações aleatórias, coisas que diríamos.

De tanto antecipá-la em pensamento, hoje minhas palavras me atrasam.

Nem dormindo não tenho paz. Eu me acordo cinco vezes por noite. Consulto o relógio a cada duas horas até amanhecer. Despertar é uma vitória, como uma festa ruim que dependemos de carona.

Antes explicava para as pessoas que estava separado. Agora cansei. Se me perguntam de sua presença, respondo: — Tudo bem! E terminou o assunto. Explicar constrange.

O que mais me atormenta é que os amigos e familiares usam o mesmo bordão para me acalmar:

— Vai passar.

Não é um conselho alegre. Não me tranquiliza saber que terminaremos.

É uma advertência que me desespera. Não gostaria que passasse.

Eles não entendem que não sofro porque o amor acabou, sofro para não acabar o amor.

Sou contrário ao término, me oponho à nossa extinção.

Sou o único que resiste contra o fim de nossa história.

Eu não quero que passe. Mas sei que vai passar.

Sei que o amor vai morrer desidratado, faminto, por absoluta falta de cuidado.

Vai passar, infelizmente.

Tudo o que a gente construiu junto vai passar.

Tudo o que a gente idealizou, inventou e armou vai passar.

O lugar no peito que recebia seu rosto para dormir vai passar.

Nossos apelidos, nossos chamados, nossas piadas vão passar.

Por mais que acredite que seja impossível, irei namorar de novo, me apaixonar, casar e rir docemente sem culpa.

Vai passar.

Não superamos os medos, sucumbimos na segunda crise, desistimos de insistir.

Somos fracos, somos influenciáveis, somos tolos.

Foi muita incompetência de nossa parte.

Não seremos inesquecíveis.

Vai passar.
Fabrício Carpinejar
http://carpinejar.blogspot.com.br/2012/09/vai-passar.html

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Lista de convidados para toda vida


Faça lista de amigos antes de começar o namoro.

Depois veja quantas baixas ao longo da relação.

Não é terrível?

Mantenha tempo para amizades. Mesmo sob forte vendaval amoroso. 

Os amigos são nossa individualidade. Nossos conselheiros. Nossa saúde emocional. Aqueles que conhecem o nosso passado para nos impedir de boicotar o futuro.
Fabrício Carpinejar

Sentimentos


Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Meu lugar

Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver

Belchior

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"As horas passam...e dias melhores virão..."

fast pace "Há que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, 
e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para 
chegar a qualquer parte" 
José Saramago

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ação e reação

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Acordei com palpitações. Abri o olho, mas não conseguia enxergar, sinal de que ainda era noite. Passei levemente a mão pela testa, percebi que o suor gelado escorria até o travesseiro. Lembrei de Newton, lembrei da força da gravidade, qual seria a força da minha reação? 

Ao menos o motivo de estar acordada àquela hora eu sabia, até mesmo porque, a resposta não saía da minha cabeça, ficava lá, me perturbando. Nada além da realidade. Sim, a realidade, que estava me transformando. Ou seria a vida em si? Ah, é tudo a mesma coisa! Ela exige tanto da gente, não é mesmo? Afinal, com quem estou conversando? Isso é uma conversa ou não passa de um monólogo interior? Nem mesmo consigo ouvir minha voz. Devo estar louca.

Um som começa a chegar aos meus ouvidos, percebo que a vibração da membrana timpânica move o osso martelo, que faz vibrar o osso bigorna que, por sua vez, faz vibrar o osso estribo, onde sua base se conecta a uma região da membrana da cóclea que comunica a vibração ao líquido coclear. O movimento desse líquido faz vibrar a membrana basiliar e as células sensoriais. É como se não sentisse mais nada. Esqueço tudo e fico a imaginar as ondas sonoras propagando-se pelo ar, será que estão na velocidade de 340m/s? Na verdade, gostaria de estar acompanhando as luzes em suas viagens pelo espaço, o vácuo parece-me aconchegante, pensando melhor, nem tanto, a pressão, ou sua ausência, nem sei mais do que estou falando...me destruiria de vez, aqui ainda tenho a chance de refletir antes de me definhar. Então elas aproximam-se dos meus ouvidos. Fecho os olhos e começo a sentir, apenas sentir.
Músicas dizem tanto e eu não consigo compreendê-las. Minha intuição diz que são sinais, luzes ao fim do túnel, mas que eu fui impedida de alcançar, algo me segura no meio do caminho. Não é uma corda de massa desprezível, e o atrito já é cinético, estou em alta velocidade. Algo me carrega para longe do fim. Se fosse num plano cartesiano diria que são retas concorrentes, no sentido conotativo, se é que faz algum sentido falar em conotação e denotação diante de tais circunstâncias.
O trem partiu. A aceleração dele foi maior que a minha. Permaneci estática, a força peso foi maior que minha força de vontade em seguir em frente. Fiquei. Sozinha. Com lágrimas nos olhos. Sentada no banco repleto de vitamina S, como diria minha mãe. Acontece que não sou mais criança, e agora, o que menos importa é a falta ou a presença de anticorpos e vitaminas no meu corpo. Impregnada com o cheiro de fritura dos pasteis de vento. E o vento, esse trazia até as minhas narinas as impurezas que os cigarros detêm. Continuo na estação. Perdida, ou a espera, quem sabe? Meu cristalino, totalmente delgado, enxergando o que tem mais distante de mim. 

Os canais semicirculares do meu ouvido interno já não permitem a percepção da posição do meu corpo. Deitada sobre jornais, num chão gelado e úmido talvez. Percebo que não estou sozinha, há uma multidão a minha volta, alguns tentam me dar a mão de apoio, outros choram, uns passam correndo como se estivessem a correr da realidade, tem aqueles sorridentes que por dentro estão desmoronando, como também tem os que são felizes por benção de Deus, os falsos, insolentes e maus sempre existirão, portanto, prefiro abster-me de comentar sobre eles. De qualquer forma, alguém estava faltando naquele lugar. E Deus, sempre existirá? Quem é capaz de garantir que ele não nos abandonará? 

Solidão. Dúvidas. Incertezas. Pressão. Investigação. Incapacidade. Realidade. Amor. Paz. Companheirismo. Amizade. Compaixão. Receio. Verdade. Falsidade. Família. Superiores. Divinos. Espírito Santo. Anjo da Guarda. Caminho. Dor. Alegria. Sofrimento. Loucura. Sanidade. Status. Capacidade. Lúcido. Opaco. Translúcido. Redenção. Salvação. Pecado. Oração. Deus. Proteção. Abrigo. Subjetivo. Obscuro. Delírio. Heterogêneo. Gênio. Normal. Animal. Luz. Onda. Vento. Andar. Observar. Viajar. Passado. Futuro. Ilusão. Sonho. Transtorno. Ansiedade. Consolo. Abraço. Sorte. Azar. Depressão. Vitória. Derrota. Frustração. Lágrima. Sensível. Narciso. Insensível. Fresta. Espaço. Opção. Escolha. Velocidade. Contemporâneo. Poesia. Música. Saúde. Mente. Corpo. Alma. Vocação. Intuição. Natural. Surreal. Invenção. Separação. União. Estrela. Chão. Palavras. Você. Eu. Nós. Banal. Tempo. Adiantado. Atrasado. Início. Meio. Fim. Morte. Vida. Trim-trim-trim, cortisol liberado, olhos semi-abertos, uma voz suave, “bom dia, acorda que já é hora!”. Cortina aberta, luz penetrante, pupila contraída, cobertor ao chão, lençol molhado, cabelo desgrenhado. Um novo dia começou. Ao longe ouve-se o barulho do trem. As crianças brincando na terra. A escola de música a todo vapor. Viu que se atrasou, os professores já chegaram. Vive em meio à sociedade, de ação e reação, seja na concretude seja na abstração. Realmente, o sonho acabou.

-->http://apausadamente.blogspot.com.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ela se foi...

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Ela se foi...foi serena, tranqüila e na paz do Senhor.
Apesar de toda tristeza pela perda, o egoísmo de não tê-la mais,... foi bonita a despedida.
Estavam todos reunidos compartilhando a dor, mas acima de tudo o que aprenderam com ela: ser amigo, ter unidade, respeitar, ser companheiro, ter amor e ajudar mesmo que não saibam lhe retribuir...e muitas vezes, esquecer a mágoa para viver bem, em paz.
A família estava reunida, muitos vindos de longe só para vê-la, como fizeram a vida toda e não seria diferente neste momento.
Houveram choros, tiveram risos, muitas lembranças e nada apagará o que já foi vivido.
A vida é assim, um dia de cada vez, chegadas e partidas, dores, perdas, nascimentos e alegrias... Bom mesmo são as lembranças que temos, os amores que vivemos e saber que, apesar de tudo, a vida continua aqui para nós e em algum lugar para ela também.

Cristiane Santos
facebook.com/melhordemim 

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“...Se entre essa alma e a tua existir afinidade espiritual, não há distância, não há em todo Universo espaço bastante grande que de ti possa alhear essa alma. Ainda que ela erguesse vôo e fixasse o seu tabernáculo para além das últimas praias ... - contigo estaria essa alma querida... Mas, se não vigorar afinidade espiritual entre ti e ela, poderá essa alma viver contigo sob o mesmo teto e contigo sentar-se à mesma mesa - não será tua, nem haverá entre vós verdadeira união e felicidade.

Para o espírito a proximidade espiritual é tudo - a distância material não é nada. Compreende, ó homem/mulher - e vai para onde quiseres! Ama - e estarás sempre perto do ente amado... Em todo o Universo... Dentro de ti mesmo...

Humberto Rohden
Texto extraído do livro De Alma para Alma

P.S: Escrevi após o falecimento da  minha sogra.

domingo, 9 de setembro de 2012

Caminho


"Se você encontrar um caminho sem obstáculos, 
 ele provavelmente não leva a lugar nenhum." 

Frank Clark

sábado, 8 de setembro de 2012

Perder


"Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização". 

Lya Luft

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nem sempre...


" Só porque Você acredita firmemente em uma coisa 
Não significa que ela seja verdadeira".

do livro "A Cabana"

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Frágil


Hoje, percebi que meus amigos íntimos estão mais do que certos quando dizem que eu visto a máscara de forte mas, no fundo sou tão frágil quanto uma borboleta tentando sair do casulo.

Ao longo da vida passamos por inúmeros momentos, os quais, muitas vezes, nos fazem criar uma máscara para não passarmos a real expressão que há em nosso interior. Isso pode ser bom, ou não. Só depende de nós sabermos administrar nossos sentimentos, como também aprendermos a discernir entre o que é máscara e o que é verdadeiro, o que devemos mostrar e o que devemos esconder, e quando. Não significa que somos falsos ou fracos, significa apenas que mesmo inconscientemente encontramos algumas maneiras de fuga do que não nos é conveniente.

Com certeza alguns acontecimentos me fizeram "inventar" essa máscara de "sou forte" - desde a infância - e outros contribuíram para que ela continuasse - ainda há 5 minutos. Posso dizer que ela já me livrou de constrangimentos e simultaneamente me deu força, ao contrário, já me fez magoar outras pessoas, sofrer interiormente sem entender ao certo o porquê. As máscaras não são construídas sem motivos bem embasados, contudo, também não são sustentadas se não houverem outras fortes justificativas.

Acima de tudo, o problema está no quanto nos escondemos por detrás dessas máscaras. Por vezes, eu sentia que o fardo era maior do que eu poderia carregar, e mesmo assim continuava com aquela cara de "sorria e acene" para todos a minha volta. Agora, me pergunto: qual a necessidade de agir assim? Sinceramente, não sei. Tudo não passa de mistérios da vida, do nosso cérebro, nosso maior protetor (junto de Deus, para pessoas, que assim como eu, ainda creem). Por mais que estivesse sofrendo, poucas eram as pessoas que reparavam os sinais de que algo estava errado comigo. Mesmo assim, eu continuava a sustentar não só as minhas dores, como também as dores de todo o mundo. Sabe aquela frase que quando um amigo chama, você esconde sua dor e para para ouvir a dele? Sempre agi assim, e poucas vezes eu era o amigo que chamava. Tanto fora quanto dentro de casa, tanto entre amigos e desconhecidos quanto entre familiares, sempre foi assim, até eu desabar. Aos poucos, mas desabei. Extrapolei e liberei todos os sentimentos que estavam adormecidos ou guardados lá no fundo, e assim, por vezes, exagerei como não devia. Fiz terapia e aprendi um pouco mais a lidar com essas máscaras enrustidas de falsos sentimentos, passando a ideia de "falsos eu" ao mundo a minha volta. E, digo com conhecimento de causa, não é nada fácil aceitar nossos sentimentos mais profundos e verdadeiros, até mesmo porque, já estamos acostumados e treinados com as máscaras, elas nos parecem tão fáceis de serem usadas, trocadas, amenizam tão bem as dores... Porém, nunca paramos para pensar até que ponto isso nos é saudável. Descobri que momentaneamente ela cura, no entanto, é uma cura muito superficial, uma fina crosta irregular, que a qualquer momento pode ser arrancada e sinalizar algo mais profundo e doloroso.

Foi só quando um amigo me disse: "havia tempos que não te via tão frágil", que eu percebi que aprendi bastante coisa nesse meio tempo. Descobri que aos poucos estou conseguindo abdicar da minha máscara de "sou forte" e, ao mesmo tempo, aceitando que os outros cuidem de mim, não só eu deles, que eles me acolham, me abracem, e demonstrem o afeto que existe dentro de nossos corações. Ou seja, o treinamento tem surtido efeito, também estou aprendendo a receber os sentimentos. E isso é bom, o calor humano, mesmo que expressado através de um telefonema, é de grande efeito para uma alma sedenta por atenção, acolhimento, compreensão e carinho.


Descobri que não é errado aceitar e assumir o fato de sentirmos algo, principalmente, de nos sentirmos frágeis, afinal, qual ser humano nunca passou por momentos assim? E, como uma borboleta, podemos, aos poucos, por etapas e com o apoio de outros componentes, chegar aos nossos objetivos, conseguir sobreviver e voar livremente, com uma verdadeira estampa no rosto, que pode ser colorida, ou não, entretanto, sempre verdadeira, desde que estejamos de bem conosco e com o mundo. Se hoje chorei, mesmo por motivo que não merecia, uma lágrima sequer ou apenas bobo, é porque algum sentimento havia dentro de mim, e a forma que encontrou de se/me libertar foi a lágrima, que na sua forma mais genuína e sublime me fez entender alguma das transformações que vêm ocorrendo com o bater de asas da borboleta.

Enfim, é melhor parar por aqui, antes que os sentimentos aflorem demasiado e o texto torne-se mais pessoal do que já está e prolongue-se por longas páginas. Mais uma vez, uso a escrita como uma válvula de escape ou maneira de organizar meus pensamentos, agora, só espero que vocês o recebam de braços abertos e, por que não, troquem um pouco de experiências, pois é assim que vamos crescendo, e sempre é tempo de crescer, sempre é tempo de mais uma borboleta sair do casulo!

Texto de Letícia Cunha
http://apausadamente.blogspot.com.br/2012/06/fragil.html

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Casamento aberto dá certo? (Parte II)



 
Arte de Cínthya Verri
“Durante 13 anos fui monogâmica, mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."


Querida Maria,
Existem casais com casas separadas; com ou sem filhos; do mesmo sexo; com gatos e cachorros.  Tantos casais além da imaginação. Qualquer tipo de união pode dar certo.

Estima-se que em torno de um terço dos casamentos é firme e prolongado.
Simone de Beauvoir encarnou o papel de feminista forte e inteligente. Ficou famosa quando escreveu que o casamento era imoral - o horror de tomar uma decisão definitiva que envolvesse não só o eu de hoje, mas também o eu do futuro.
Vivia com Jean-Paul Sartre, um pensador que defendia a individualidade e a liberdade. Um homem que se relacionava “livremente”, com muitas mulheres, talvez mais para comprovar sua tese do que por necessidade amorosa. Simone arranjava mulheres para Sartre e depois caía de cama, literalmente doente de ciúmes.
Foram mentes fundamentais para entender nosso século, mas que não parecem ter desenvolvido uma vida plena entre eles.
Os casamentos ditos abertos, com excessivas aventuras, costumam ser os mais pobres.
O prazer da variedade de parceiros pode encobrir a incapacidade afetiva. Na maioria das vezes, não passa de uma adolescência persistente.
O casamento é bom quando a dupla se entende e cada um se revela ao outro progressivamente.
De modo geral, o casamento aberto é um teatro onde as pessoas são os atores e o público.
Seu caso parece mais uma separação pela qual não quer pagar. É querer escolher sem ter perdas. Uma vida que não assumimos é uma vida pela metade.
Arrisco um palpite: você não sentiu ciúme de seu marido, mas gostou das novas conquistas e da possiblidade de ser desejada por outros homens.
Agora falta abrir a carteira e quitar as dívidas.
Beijos meus
Cinthya Verri
 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 02/09/2012 Edição N° 17180

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.

Casamento aberto dá certo ?


 
Arte de Cínthya Verri
“Durante 13 anos fui monogâmica, mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."

Querida Maria,

O problema do casamento aberto é que ele logo se torna escancarado.
  Casamento aberto é uma invenção de quem já traía.
  Casamento aberto é uma fachada de lavagem de dinheiro.
  Casamento aberto é colorir a amizade e desbotar o amor.
  Casamento aberto é uma forma intelectual de acumular mulheres.
  Casamento aberto é agência para recrutar nova esposa.
  Casamento aberto é dividir os méritos, mas não dividir as dívidas.
  Casamento aberto é substituir a sinceridade pela bajulação.
  Casamento aberto é o conforto para os indecisos e os mornos.
  Casamento aberto é quando o ciúme é menor do que a realidade.
  Casamento aberto é se sentir desejada por todos os homens, menos por aquele que você deseja.
  Casamento aberto é a receita ideal para uma vida de solteiro.
  Casamento aberto é menosprezar a dependência dos hábitos.
  Casamento aberto é concurso de sósias.
  Casamento aberto é falsificar o pecado original.
  Casamento aberto é apagar até a possibilidade de trair.
  Casamento aberto é transar no divã.
  Casamento aberto é admirar a sogra mais do que a esposa.
  Casamento aberto é fazer discussão de relacionamento com amantes.
  Casamento aberto é perder o privilégio da vigília, de alguém acordado por você reclamando que é tarde demais.
  Casamento aberto é ter o sonho assaltado toda semana.
  Casamento aberto é transformar o sexo oposto em sexo aposto: casamento, aberto.
  Casamento aberto é anular a cobrança e a crítica que você possa receber: é a impunidade amorosa.
  Casamento aberto é trocar as portas pelas cercas, é trocar os cabelos pelos chifres, é trocar a confiança pelo medo.
  Casamento aberto é para quem não tem coragem nem de se casar muito menos de se separar.
  Abraço com toda ternura,
  Fabrício Carpinejar

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 02/09/2012 Edição N° 17180

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.