terça-feira, 17 de abril de 2012

Contos de uma vida



Passei boa parte dos meus dezessete anos acreditando, realmente acreditando, em príncipes encantados. Não precisava ser em um cavalo branco, nem com armadura e muito menos com espada, mas quem sabe aquele cara do '10 Coisas que Eu Odeio em Você' ou algo do gênero. De qualquer forma, hoje vejo que filmes são, tão somente, filmes. 
Eu tinha um primo, lindo, perfeito, nos encontrávamos em festas da família ou em algum evento qualquer. Eu acreditava que ele era meu príncipe encantado. Mas óbvio, como todo primo mais velho, ele nunca me deu bola.
O tempo passou, eu cresci e a vida nos deixou bem próximos. Eu fui estudar na mesma cidade que ele morava. Levando em conta seus motivos que eu desconheço, a vida me sacaneou e eu me re-apaixonei (se é que isto existe, rs) pelo meu primo e ele se apaixonou por mim. 
Envolvemo-nos e começamos a namorar. O primeiro ano de namoro foi um mar de rosas, tudo que uma garota pode querer tudo o que uma garota cega de paixão pode querer. Vivíamos juntos, curtíamos muito um ao outro, viajávamos, adorávamos as mesmas coisas (viagens, mar, acampar, moto) ... teatro, cinema então, era todo o tempo. Moramos juntos, praticamente, por um tempo.
Meu primo era estudioso, trabalhador, tudo o que a minha família sempre quis pra mim. Ele fazia faculdade de Arquitetura e pilotava helicóptero e eu cursava o segundo ano do ensino médio, logo iria para a faculdade também.
O tempo passa. O tempo sempre passa. E o tempo passou. Nada melhor que o tempo para nos mostrar a realidade... ou nos colocar no destino certo, talvez.
Ele foi trabalhar em São Paulo, nosso contato diminuiu, não ficávamos tão juntos mais. O namoro se tornou um relacionamento de fim de semana, como um casal qualquer, um casal normal.
Mas mesmo assim, tinhámos carinho, sentiámos saudades um do outro, saíamos muito, sempre, apenas os dois. Era como se nós, eu e ele, fossemos o suficiente.
Inventei um mundo perfeito em minha mente sem nem ao menos perceber que o marido não existia no meu namorado.
O namoro terminou quando ele foi trabalhar em Belo Horizonte e eu entrei pra Faculdade de Publicidade em Santos... foi um término muito tranquilo, sem ilusões. 
Hoje eu vejo histórias de amor, ou garotas dizendo que não querem ser enganadas ou iludidas, e eu acho irônico. Eu queria ter sido iludida por ele, ter meu coração partido por essa desilusão. Acho que qualquer coisa é melhor do que esse vazio de terminar um namoro de três anos achando que ainda ama, sem ter motivos, e ainda sentir saudades... Não sentir raiva, rancor... Não sentir nada. Talvez eu até sinta um pouquinho de frustração, talvez...
E tão ruim quanto não sentir tudo isso, é saber que você o ama e ele te ama... mas mesmo assim estão separados.
Tentei ficar com outros e ele também, até começou um namoro, mas quando vinha para casa dos pais, me ligava dizendo que estava com saudades e a gente acabava saindo como se ainda namorássemos e depois do fim de semana... ele voltava pra namorada em São Paulo e eu pra Faculdade.
E, da última vez que saímos, uma semana depois, ele me ligou dizendo que estava com saudades, mandou beijos para a família e disse que estava indo viajar a trabalho (era piloto de helicóptero), estava indo para um rodeio no interior de São Paulo...e desde então, nunca mais nos vimos!
Este período da minha vida, foi surpreendentemente inspirador...Eu mudei muito durante o namoro, amadureci, planejei, aprendi a pedir desculpas e ser sincera comigo mesma antes de sonhar, de amar alguém. Eu aprendi que carinho não se pede e respeito não se impõe. Ou você conquista, ou nunca vai ter.
Aprendi a sonhar e a fazer as coisas por mim mesma... e a saber que TUDO É POSSÍVEL basta acreditar e correr atrás.
Engraçado é, às vezes, senti-lo muito perto...e pensar que ele não se foi...às vezes, é o perfume (Kouros), às vezes, aquela blusa de Machu Pichu...aquela boina européia...passar por Boiçucanga... às vezes, apenas uma lembrança.
Hoje sou casada com um homem maravilhoso, mas sou totalmente dona do meu próprio coração, mantendo-o seguro, sem precisar iludir a mim mesma quanto a alguém. Faço meus planos para o fim de semana, tenho foco na minha vida, nos meus sonhos, nos meus desejos. 
Hoje sei que sou dona de mim e que de amor eu não morro!


Cristiane Santos

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