segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Gaveta das saudades...

Andei acumulando saudade, como aquelas coisas que você guarda naquela gaveta e quase nunca abre, medo da bagunça e do que pode encontrar por lá. Então, desvairadamente e no auge da minha TPM eis que abro a bendita gaveta, que de tão cheia até emperrou, puxa daqui, puxa de lá, e o primeiro amor é a primeira coisa que pula, olhos marejados e lágrimas de saudade da inocência, do tempo em que eu era olhada com olhos de pura paixão, o desejo era coisa a ser descoberta depois, por enquanto nos amaríamos com toda sinceridade que nossos corações ingênuos pudessem suportar, guardei essa saudade na caixinha das lembranças boas, aquela com desenhos de flores e corações (muitos corações!).

E lá vem a saudade de quem já se foi, dos amigos e das festas que fazíamos com nossas vidas cheias de surpresas, novidades e histórias. Saudade da minha velhinha, do meu "Algodãozinho", de passar as mãos nos seus cabelos branquinhos (os algodãozinhos, rs), de levá-la pra passear e de esperar ela assistir a novela pra mudar de canal. 


Saudade de quem está a quilômetros de distância e de quem está bem perto, mas sai quando eu chego e chega quando saiu, e as lágrimas assim dão espaço ao sorriso, mais um pouquinho pra caixa de flores e corações.

E então bateu a saudade das pequenas coisas, do bolinho de chuva da vó, de empinar pipa com os primos, de tomar banho de chuva sem me preocupar com a roupa. De quando cantava no espelho e era a estrela do meu mundo, quando dormia rodeada dos anjos que minha mãe e o meu pai traziam para mim toda noite, de quando ajoelhada ao pé da cama rezava e pedia a Deus que colocasse minha casa em uma bolha e a protegesse de todo mal, saudade da bicicleta, dos patins e até das quedas, saudades dos meus gatinhos, dos meus peixes e dos meus pintinhos amarelinhos (que eu ganhava na feira ou trocava por algo que, agora, não me lembro).

Ai fui me deparando com cada saudade que até fiquei tonta e quando dei por mim, gaveta vazia e caixa cheia, pronto, agora guardo a caixa e começo mais uma vez a encher a gaveta...


Adaptação do Texto de Ana Magalhães

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