domingo, 11 de dezembro de 2011

Um trovão num dia de piquenique

Woody Allen, com seu humor distinto, fez duas declarações sobre a morte, que despertou minha atenção:

“A morte é como o som de um trovão distante num dia de piquenique” 
“A morte está sempre lá mesmo quando você está muito feliz.”
(Fonte: Isto é 22/07/11)



Acredito que a maior parte de nós sente da mesma forma o que chamamos de morte. Uma interrupção, um fim, uma ameaça a nossa alegria. Aprendemos, com nosso instinto, que devemos evitar, a todo custo, morrer. Mas sabemos, por nosso intelecto, que isso é impossível. Penso que este é o grande dilema humano, o causador de todos os outros desconfortos e comportamentos estranhos.

Está pensando que estou exagerando? Bem, pode ser... Mas isto é só uma hipótese mesmo, não é? Então eu posso brincar com a idéia mesmo que ela esteja superlativa. Que outra causa melhor podemos encontrar para o desejo humanos de marcar a história, seja por fatos heróicos ou monumentos extraordinários?

E a ânsia de ter poder e comandar todo o resto do mundo, como nos desenho animados, que o plano é sempre dominar o planeta? Será que não é para aplacar o mal estar provocado pelo conhecimento de que, querendo ou não, vamos desaparecer?

Tomo como exemplo uma pessoa como eu, uma quase ninguém com poucos amigos, alguns conhecidos, sem filhos, nem muitos parentes, alguém que não ultrapassou muito a sua cidade (sem  contar a internet). Quantos anos você dá para, depois de minha morte, eu estar completamente esquecida? Eu aposto em uns 5 anos, no máximo, estourando. Aqui na internet, eu nem precisei morrer, foi só desaparecer um pouco e a vida tomou outro rumo, claro que com algumas exceções.

Eu estarei completamente esquecida, provavelmente cinco anos depois de minha morte. E isso para um ego é assustador. É o trovão dizendo que vai acabar com o piquenique. Para aplacar esta sensação tenho treinado desaparecer, sugestão de meu mestre Osho. Imagine que você não está mais presente, diz ele, e que as pessoas estão fazendo tudo que precisam sem você. Tudo continua, além de você. Por um lado dá uma paz, mas como ainda não estou totalmente liberta, também sinto a angústia da desimportância. É o trovão me lembrando do inevitável.


Adaptação de um texto de Nanda Botelho

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