Amém!
Antes de tudo, cuidado com sua interpretação. Essa
postagem não tem a intenção de agredir ninguém, só esclarecer ou garantir um
pouco de reflexão nesse mundo de ideias deturpadas, bem como não escrevi de má
fé, muito pelo contrário. De antemão já peço desculpas caso alguém sinta-se prejudicado, realmente não é a intenção. E estou ciente de toda a minha
sinceridade (talvez ingênua, nesse caso). Caso queira esclarecer algo, existem as
opções de enviar-me um e-mail ou comentar aqui no blog mesmo, pois sei que esse
tema é muito delicado. (Sim, estou com receio de possíveis consequências, no
entanto, preciso desabafar).
As redes sociais têm seu lado positivo e negativo, como tudo
na vida. Entretanto, ultimamente, tenho visto postagens muito desagradáveis,
não somente religiosas, mas em todos os sentidos, estilos e temas. E, cá para
nós, essas redes sociais me cansam cada vez mais, já prevejo o dia em que
continuarei só com o blog e o Messenger (já em desuso) – e olhe lá!
No momento pretendo falar das religiosas. Muitos podem achar
que é por eu ser católica, mas essa não é a questão que irei discutir, até
mesmo porque, isso, teoricamente, não se discute - determinação cultural, moral
e ética, felizmente. Ou melhor, tentarei ser o mais imparcial possível, o que é
difícil diante dos fatos, porém, tentarei ao máximo. De qualquer forma,
o que entra em pauta é: respeito.
Há alguns dias, postaram no Facebook uma imagem com um texto
– como de praxe – sobre um paciente que vai ao médico e o mesmo não está, a
partir de então, comparam o médico a Deus, a mãe do médico à Maria e a
secretária aos Santos. De forma que a mãe e a secretária não resolvem os
problemas do paciente, só o médico, fazendo-se desnecessárias. Sinceramente,
essa comparação é infeliz!
O que mais me intriga não é nem a comparação realizada e sim
a falta de respeito para com as outras religiões. No meu caso, as duas pessoas
do meu vínculo de amizades que postaram são ambas evangélicas. Devo levar em
consideração que os evangélicos são aqueles que já foram – alguns ainda são –
perseguidos, assassinados, discriminados e criticados por serem evangélicos, de
maneira que sempre cobraram respeito, aceitação e educação por parte dos outros
– obviamente uma cobrança justa perante a sociedade. Sendo assim, como
podem atacar outras religiões? Será que sua própria história não contribuiu
para sua aprendizagem? (Quero deixar claro que faço essas perguntas a casos
isolados, pois como sempre, toda regra tem sua exceção e, inclusive, a maioria
dos meus (melhores) amigos e alguns familiares são evangélicos, sendo que eu já
frequentei festas comemorativas, cultos, encontros e shows evangélicos sem
maiores problemas, pelo contrário, sempre fui muito bem recebida e aceita).
Minha concepção de vida é: eu acredito, de mim para mim, ou,
de mim para com Ele. Não sinto a necessidade de ficar afirmando a todo o
momento (uma vez ou outra escapa, faço uma citação, mas nada em excesso -
diária e constantemente), muito menos de atacar outras religiões, porque assim
como eu optei por ser católica outras pessoas optaram por ser evangélicas,
espíritas, judias, budistas e tantas outras formas de crer e manter a sua fé ou
simplesmente não acreditar. Dessa forma, eu nada tenho a ver com isso, cada um
faz sua escolha a partir do que lhe é necessário, do que lhe ajuda a ser
saudável, a ter paz interior ou ser uma pessoa melhor, e, acima de tudo, eu
respeito a escolha de cada um. Todos têm o livre arbítrio de acreditar
no que bem entende ser a melhor opção – ou não acreditar em nada. Resumindo ,
cada um acredita no que quiser e mais ninguém deve se importar com isso,
obviamente desde que essa crença não interfira no bem estar de outras pessoas
ou meio ambiente. (Meu lado pessoal, parcial, crítico, analítico e irônico quer
que eu escreva: Qual é o problema se eu acredito em Maria e nos Santos? Se
alguns estiverem certos, quem vai para o inferno será eu, não? Desculpa se
agredi alguém, não é a intenção).
Lógico que muitas pessoas enxergam no Facebook uma maneira
de se autopromover ou deixarem bem claro suas concepções de vida. Não critico
quem não acredita nas intervenções de Maria ou dos Santos, quem não acredita
tem seus porquês e seu direito em não acreditar, porém, critico o modo
como o fazem, como querem esclarecer isso. Ao fazerem a comparação com uma
consulta médica não levaram em consideração que existem pessoas que acreditam e
que poderiam se magoar com a publicação, esqueceram-se do respeito a crenças
diferentes da sua e de que o fato de eles não acreditarem não os tornam
melhores ou piores do que os outros, afinal, nenhum ser humano é dono da
verdade – e enquanto na condição de humanos somos todos susceptíveis aos erros
- e cada um tem sua própria interpretação da Bíblia – ao menos é o que se
espera. Ah, só mais uma coisa, e se a mãe do médico também for uma médica? E se
a secretária te indicar para outro médico que resolve seu problema? São boas
intervenções, não? Risos.
Outra postagem que tem se propagado nas redes sociais, nesse
caso, principalmente por ateus e agnósticos, é a imagem do Papa sentado ao
trono, na qual o pessoal manda-o vender o trono de ouro para alimentar os
pobres. À primeira vista é mais do que justo, não é mesmo? Confesso que no
primeiro segundo até eu concordei com a ideia. Porém, vamos pensar um pouco
mais...
OK. O Papa desmancha seu trono, vende o ouro e alimenta os
necessitados. Pronto, o ouro acabou e novamente a Igreja precisará do dinheiro
dos fieis para continuar alimentando os pobres – que, lamentavelmente, são
muitos e a tendência é aumentarem. Agora, olhando pelo lado histórico, o trono
é (mais um) patrimônio da Igreja, portanto, muita burocracia e história o
envolvem, tornando difícil seu desfeito. Além disso, de acordo com o Tratado
de Latrão o trono é intocável neste sentido.
Como uma pessoa de capacidade crítica e analítica, possuo
muitas críticas à Igreja Católica Apostólica Romana, tanto positivas quanto
negativas, mas, acima de tudo, entendo que a Igreja é constituída por seres
humanos, tão susceptíveis ao erro quanto eu, uma mera mortal.
Historicamente, a Igreja Católica já errou muito, alguns erros, inclusive, já
foram reconhecidos e pedidos de desculpas feitos. Confesso que não sigo todos
os mandamentos da Igreja Católica, por simplesmente não concordar, e tenho meus
motivos e justificativas, entretanto, isso não exclui ou diminui minha fé, que
ao contrário se fortalece a cada dia, a cada oração, a cada leitura diária da
Bíblia. E, muitos trabalhos da Igreja Católica ganham minha admiração, atenção
e participação.
Outra questão é: o que cada um de nós fazemos para ajudar
os que não conseguem se manter sozinhos? Doar uma cesta básica a cada Natal
é suficiente? Entregar umas moedinhas no sinal já está de bom tamanho? Por
acaso já visitou alguém em alguma comunidade ou algum país carente para
entender a realidade em que vivem? Já distribuiu o amor, a atenção e a
compreensão a essas pessoas? Já as ouviu, sabe do que elas mais
precisam? Realmente, é muito fácil apontar os erros, os defeitos dos outros não
é? Como também é muito fácil sentar em uma cadeira e passar o tempo nas redes
sociais atacando-os. Por que não usar este tempo para fazer o bem ao
próximo?
E outra, qual a finalidade de sair divulgando trabalhos
voluntários? O mundo é tão hipócrita que a quantidade de pessoas que
fazem trabalhos “voluntários” e saem por aí publicando fotos e
textos bonitos só em busca do reconhecimento de que faz algo uma vez ao ano
para contribuir com a humanidade, só querem mostrar aos amigos: “olha, eu
participei” ou garantir uns pontinhos a mais em uma análise de currículo, mas e
então, o que aprendeu com tudo isso? Por acaso não agregou humildade e
simplicidade às suas características? Por que não propaga seu aprendizado?
Como eu imagino, deve ser muito fácil e cômodo ser bom ao próximo uma vez ao
ano e ser aclamado pela platéia.
O trono papal alimentaria sim muita gente, mas mais do que o
trono papal, a união e a boa vontade da humanidade alimentaria muito mais.
É uma pena que o ser humano seja absurdamente hipócrita, egoísta, egocentrista,
ambicioso, avarento e todos esses adjetivos que dão repulsas. E, pobre de mim,
ser tão idealista e ter um senso de justiça e analítico tão aguçado quanto...
Texto de Letícia Cunha
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