terça-feira, 4 de setembro de 2012

Casamento aberto dá certo ?


 
Arte de Cínthya Verri
“Durante 13 anos fui monogâmica, mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."

Querida Maria,

O problema do casamento aberto é que ele logo se torna escancarado.
  Casamento aberto é uma invenção de quem já traía.
  Casamento aberto é uma fachada de lavagem de dinheiro.
  Casamento aberto é colorir a amizade e desbotar o amor.
  Casamento aberto é uma forma intelectual de acumular mulheres.
  Casamento aberto é agência para recrutar nova esposa.
  Casamento aberto é dividir os méritos, mas não dividir as dívidas.
  Casamento aberto é substituir a sinceridade pela bajulação.
  Casamento aberto é o conforto para os indecisos e os mornos.
  Casamento aberto é quando o ciúme é menor do que a realidade.
  Casamento aberto é se sentir desejada por todos os homens, menos por aquele que você deseja.
  Casamento aberto é a receita ideal para uma vida de solteiro.
  Casamento aberto é menosprezar a dependência dos hábitos.
  Casamento aberto é concurso de sósias.
  Casamento aberto é falsificar o pecado original.
  Casamento aberto é apagar até a possibilidade de trair.
  Casamento aberto é transar no divã.
  Casamento aberto é admirar a sogra mais do que a esposa.
  Casamento aberto é fazer discussão de relacionamento com amantes.
  Casamento aberto é perder o privilégio da vigília, de alguém acordado por você reclamando que é tarde demais.
  Casamento aberto é ter o sonho assaltado toda semana.
  Casamento aberto é transformar o sexo oposto em sexo aposto: casamento, aberto.
  Casamento aberto é anular a cobrança e a crítica que você possa receber: é a impunidade amorosa.
  Casamento aberto é trocar as portas pelas cercas, é trocar os cabelos pelos chifres, é trocar a confiança pelo medo.
  Casamento aberto é para quem não tem coragem nem de se casar muito menos de se separar.
  Abraço com toda ternura,
  Fabrício Carpinejar

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 02/09/2012 Edição N° 17180

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico.

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